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terça-feira, 21 de junho de 2011

História da Cachaça


O primeiro engenho de que se tem registro no Brasil foi montado pelo técnico em administração colonial Pedro Capico, em Pernambuco, em 1516 na feitoria de Itamaracá. Em 1532 chagaria ao Brasil a expedição de Martim Afonso de Souza, que fundou a vila de São Vicente, no litoral de São Paulo e ali iniciou o plantio de cana e construiu os engenhos Madre de Deus, do Governador e de São João, considerados marcos na colonização efetiva do país.

Com a implantação desses engenhos, Martim Afonso inaugurou a base econômica da colonização portuguesa no Brasil, toda ela voltada para a produção de açúcar para o mercado externo, Daí em diante, os engenhos, unidades açucareiras agroexportadoras, multiplicaram-se rapidamente pela costa brasileira.
A cana-de-açúcar espalhou-se por todo o litoral, mas foi na luminosidade do Nordeste e sobre seu solo de massapé que ela firmou, na época, seu grande império. Determinaram-se ali nossa etnia, uma economia baseada no latifúndio e voltada para o mercado externo e relações sociais que repercutiram profundamente na cultura brasileira.
A perseguição à cachaça:
A produção de cachaça cresceu rapidamente com a intensificação das viagens marítimas, decorrentes do comércio do açúcar e outras riquezas da nova terra e da crescente demanda por escravos africanos. Entre 1585 e 1629, o número de engenhos funcionando no Brasil passou de 192 para 349. Há registro de que, na década de 1630, Pernambuco já exportava tonéis do destilado, expediente que se tornou uma forma de conviver com as oscilações dos preços internacionais do açúcar. Como este se revelou mais rentável no Nordeste do que no Centro-Sul, os engenhos ao redor do Rio de Janeiro e no litoral paulista passaram a dedicar mais empenho à fabricação de cachaça que à de açúcar.

Em poucas décadas, a bebida, que chegou a ser distribuída aos escravos como forma de avaliar a fome e o cansaço e de aumentar o rendimento do trabalho, originou um próspero comércio, volumoso a ponto de desestabilizar o mercado português da bagaceira. Neste sentido, a cachaça não favorecia os interesses do império português. Por isso, em 1635, um decreto régio, de D. Maria I, a Louca, proibiu a venda da cachaça na Bahia. Já em 1639, deu-se a primeira tentativa de proibir a fabricação da bebida, provocando incêndios em alguns alambiques.

Com o tempo, a interdição foi transformada em taxação, e os pesados impostos foram motivo de seguidas rebeliões. A primeira delas foi a Revolta da Cachaça, em 1660, em São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro. Uma centena de senhores de engenho se rebelou contra os atos proibitivos da Coroa e conseguiu derrubá-los. Os impostos abusivos sobre a cachaça também contribuíram para a revolta que ocorreu em Vila Rica, em 1729, liderada por Felipe dos Santos, que acabou esquartejado.
Em 1756 a aguardente de cana-de-açúcar foi um dos gêneros que mais contribuíram com impostos voltados para a reconstrução de Lisboa, destruída no grande terremoto de 1755. Para a cachaça são criados vários impostos conhecidos como subsídios, como o literário, para manter as faculdades da Corte.
Com o passar dos tempos melhoram-se as técnicas de produção. A cachaça é apreciada por todos. É consumida em banquetes palacianos e misturada ao gengibre e outros ingredientes, nas festas religiosas portuguesas – o famoso quentão.

Devido ao seu baixo valor e associação às classes mais baixas (primeiro os escravos e depois os pobres e miseráveis), a cachaça sempre deteve uma áurea marginal. Contudo, nas últimas décadas, seu reconhecimento internacional tem contribuído para diluir o índice de rejeição dos próprios brasileiros, alçando um status de bebida chique e requintada, merecedora dos mais exigentes paladares. Atualmente várias marcas de boa qualidade figuram no comércio nacional e internacional e estão presentes nos melhores restaurantes e adegas residenciais pelo Brasil e pelo mundo.

Fonte: Livro – Cachaça – A bebida brasileira de Erwin Weimann e Wikipédia

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